sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Amor Clichê

“A maternidade transforma a mulher”. Frase clichê, que permite diversas interpretações. A minha é a de que “a maternidade transforma a mulher em alguma espécie de mutante, do tipo X-Men, ou na melhor versão, X- Women”. Essa conclusão me veio desde o início da gravidez, quando meu olfato ficou trezentas mil vezes mais aguçado e me tornou capaz de sentir cheiro de perfume doce a quilômetros de distância (arrgh!). Evidentemente, foi esse primeiro super poder que desencadeou o início dos enjôos. Pois bem, passados quase dois anos, o olfato aguçado permanece, claro que adaptado aos cheirinhos exalados da cria que, sejamos sinceras, nem sempre são agradáveis.

O segundo poder é a super-hiper-mega-blaster audição. Eu consigo escutar, de longe, a respiração de minha filha adormecida, mesmo sem a ajuda de babá eletrônica. Sério! O choro, então... Mesmo que ela esteja no meio de uma multidão de crianças (tipo Baby Rock in Rio), eu sei exatamente quando é ela quem está chorando. Mas, isso não é novidade: toda mãe conhece os sons da cria. E não só os escuta à distância, mas sabe distinguir, com precisão, quando significam sono, dor, fome, manha... E se isso não for um super poder, então, sinceramente, eu não sei o que é.

Bem, eu até poderia continuar elencando aqui tantos outros poderes da “mãe mutante”, como, por exemplo, a força descomunal capaz de levantar carros, abrir bocas de jacaré e enfrentar (e derrubar!) campeões internacionais de vale-tudo, seja para salvar o filho ou somente porque o indivíduo a ser contido olhou feio para o seu bebê. No entanto, acho que é melhor falar sobre o maior poder que a maternidade traz: o tal “amor incondicional”. Clichê?! Com certeza! Mas, ainda assim, a mais pura verdade. Afinal, como alguém pode amar tanto um serzinho que chora o tempo todo, suga o leite do seu peito até sangrar, extermina suas noites de sono, destrói uma grande parte da sua vaidade e, ainda assim, consegue ser a criatura mais importante da sua vida?! Só uma mãe, mutante, X-Women, com poderes fantásticos e o coração do tamanho do mundo para entender, aceitar e esquecer todas as dores, medos e incertezas decorrentes da maternidade ao ponto de, vez por outra, pensar em aumentar a família e continuar sem dormir bem, comer direito (sem a neurose de cortar a carne em pedacinhos ou amassar consideravelmente o feijão), ir ao cabeleireiro quando bem entender, viajar sem uma bagagem monstro formada por banheira, mamadeiras, chupetas reservas, milhares de roupinhas de frio, calor, praia e piscina... Só um amor enorme mesmo para entender tudo isso... Amor incondicional, clichê e verdadeiro. Amor de mãe.