segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

E o Grande Dia Chegou

Eu poderia dizer que nós já nos mudamos para a casa nova, que ela é linda, tem piscina, bastante espaço para você brincar e que isso é muito bom porque o calor desse lado do Rio é de rachar a cuca. Poderia dizer que o nosso carnaval foi ótimo, no sítio de amigos queridos, no interior de São Paulo, um lugar lindo, cheio de verde, bichinhos e pessoas maravilhosas, que nos receberam muito bem, e que você adorou tudo e brincou muito com sua amiguinha Joana, que tem um pula-pula fantástico e um parquinho particular bem legal. Poderia dizer que você resolveu fazer greve de fome ou concurso para faquir e que eu não sei mais o que inventar para você voltar a comer direito. Também poderia dizer que dei um tempo nesse negócio de desfralde porque a senhorita  é muito sem vergonha e começou a fazer xixi no chão rindo da minha cara, ou seja, sabendo muito bem que o lugar de xixi é no vasinho.

Poderia dizer muitas coisas, filha. Mas, só quero dizer mesmo é que hoje você foi à aula pela primeira vez, e isso me deixou arrasada. Você, do contrário, tirou de letra. Entrou, carregando sua mochilinha (cor-de-rosa, lógico), examinou o ambiente caladinha, depois sentou e começou a mexer nos lápis, nos papéis... Chorou um pouquinho porque queria ver a Xuxa no DVD da salinha, mas a "tia"disse que ainda não era hora disso (sorte dela, porque eu já estou começando a ficar com raiva da Xuxa e olha que sou fã da criatura desde criança, a ponto de ter ido a shows e usado as lendárias botinhas brancas no calor da Paraíba, imagina, só?!). Depois, se acalmou, esqueceu que eu existia e ficou muito bem em seu novo ambiente, com os amigos, a professora, etc. E eu, escondida, chorando rios e rios de lágrimas, me sentindo a pior mãe do mundo por estar lhe "abandonando"nas mãos de estranhos. E seu pai? Rindo de mim, evidentemente. Voltei para casa, dei um tempinho e corri de volta para o colégio, sempre escondida, para que você não me visse chorando. A secretária deve ter me achado uma doida, já que eu era a ÚNICA mãe presente, por horas, esperando um grito de socorro da filha que, claro, não aconteceu. Quando o relógio finalmente encostou no meio-dia, eu me levantei, enxuguei o rosto de panda (porque o bendito rímel que coloquei antes de sair não era a prova d'água), fui ao seu encontro e a cena que vi foi inesquecível : você, sentadinha, como uma pequena moça, me esperando. Quando me viu, abriu um sorriso lindo, levantou, abrindo os bracinhos e correu para me dar um beijo. Foi o beijo mais gostoso e saudoso da minha vida. Quatro horas de separação (embora, eu estivesse do outro lado da parede de sua salinha) pareceram uma eternidade. Mas, você estava tão feliz, que eu sinto que tudo valeu a pena, meu amor. A escolinha agora passa a fazer parte das nossas vidas, pois você está crescendo e precisa descobrir o mundo por meio de outros estímulos, outras pessoas... E eu preciso aprender a controlar esse coração que já não está mais no meu peito desde que você nasceu, pois é  fora de mim que ele bate... Meu coração está com você, meu amor. Em você. Sempre, sempre, sempre!

Te amo, minha filha!