quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eu Sou um Peru de Natal

Hoje, quando lhe acordei para ir ao colégio, fiquei pensando mil coisas nessa minha cachola perturbada. Tipo assim, se eu começar a trabalhar (sim, porque parece que surgiu uma oportunidade no horizonte), como vou sobreviver um dia inteiro longe de você? É que nessas lonjuras cariocas, sair de onde moramos para o centro da cidade significa acordar muito cedo (antes de você) e partir para a labuta em ônibus, trens, metrôs, tapetes mágicos, ou qualquer outra coisa diferente de carro, já que estacionamento é artigo de luxo e em extinção por aqui. Como é que vai ser? Quem vai beijar seu pescoço para lhe acordar pela manhã? Quem vai dar seus queridos iogurtes com toda paciência do mundo? Quem vai lhe levar para o colégio? Seu pai?! Mas, ele também tem que sair cedo... Será que ele vai conseguir?  E outra coisa: você vai passar para o período integral da escolinha... Será que vão dar conta de fazer a comidinha do jeito que você gosta, lhe dar banho com cuidado para a água não cair nos olhos, pois você odeia quando isso acontece? Será que vão lhe colocar para tirar a sonequinha da tarde, cantarolando no seu ouvidinho? Ai, filha, e eu? Como é que eu fico nessa estória toda? Eu quero muito trabalhar, mas, ao mesmo tempo, tenho um medo tão absurdo de passar o dia longe de você! Eu sei, eu sei, não serei a primeira mãe do mundo a fazer isso. Muitas deixam seus filhos muito menores em creches e partem para a luta diária. Mas, eu não tenho esse botãozinho de desprendimento tão fácil. Lembra do seu primeiro dia de aula? Pois, é, o desespero vai ser maior, tenho certeza. Eu não tenho facilidade em superar o trauma da separação. Dizem que crianças conseguem isso a partir dos dois anos, mas não dá para estabelecer uma idade para as mães. Mãe não quer se separar de filho e ponto final! Eu não quero. Mas, talvez, seja preciso. Estou parecendo peru de Natal, que morre na véspera, né?! Eu sei. Talvez, esse emprego nem dê certo. Mas, sim, eu estou com essa sensação boa e ruim ao mesmo tempo: boa por ter sido lembrada profissionalmente; ruim porque talvez isso signifique uma quebra na nossa rotina.
Prazer, filha. Eu sou um peru de Natal.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Desfralde: O nível 2 empacou!

Vou te contar... Ô coisinha difícil é fazer com que Maricota entenda que o vasinho não serve só para o xixi, mas que é lugar de cocô também. O xixi já virou brincadeira, coisa simples... Mas, quando o negócio é mais complicado, digamos assim, a situação fica tensa. É um tal de senta e levanta do trono que chega mesmo a cansar. Quando ela vê que o dito cujo (sim, o tal de número 2) está muito próximo de aparecer, começa a gritar para descer do vaso, meio chorando, meio desesperada. Será que eu já causei um trauma na minha filha?! Confesso que, no início, a deixava chorar um pouquinho, sentadinha lá, mas agora já a resgato na primeira ameaça de lágrimas. Deixo o negócio acontecer nas calçolas mesmo. Que seja. Ela, tadinha, pede desculpas e diz que "o vasinho é nosso amigo, não é, mamãe?!". É, filha. "Não precisa ter medo do vasinho, né, mamãe?". É, filha. "Eu já sou uma mocinha, né, mamãe?". É, filha. 

O que me acalma é a certeza de que isso vai passar, e que, um belo dia, o desfralde será completo, afinal, eu duvido que ela queira ir de fraldas para a faculdade. Até lá, haja sabão para lavar as calçolas!