quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

27 de Janeiro

Oi, meu amor...

Mamãe, mais uma vez, ficou devendo textos no seu blog. Esses dias aqui na Casa de Hóspedes não foram tão fáceis como eu pensava. Além de brigar com os mosquitos (compramos um mosquiteiro para você) e ter que me virar com pouco espaço para organizar suas coisinhas (tudo que não foi na mudança está acomodado em uma mala), ainda tive que começar a lavar suas roupas, as minhas e a do seu pai. Isso porque a menina que me ajudava simplesmente desaparaceu, sem dar qualquer explicação. Depois, quando resolveu voltar, eu disse que não a queria mais. Não suporto gente irresponsável, filha. Se não podia vir trabalhar, pelo menos ligasse para avisar, não é? Assim, eu não teria ficado esperando feito uma imbecil. Ela já havia feito isso antes e eu relevei, mas dessa vez, não dava mais. Então, assumi, além da lavagem das mamadeiras, a lavagem de roupas (e as suas são lavadas à mão, viu?). Resultado: mãos horrivelmente ressecadas, costas destruídas e muito, mas muito cansaço mesmo. Ah, e o pior é que, por causa da chuva, muitas vezes tenho que improvisar um varal no quarto, para que o ar condicionado seque tudo. Sim, depois, ainda passo suas coisinhas, o que faz com que a coluna de mamãe sofra mais um pouquinho. Estou acabada, filhota. E ainda tenho que fazer pose de primeira dama, participando de jantares de despedida, em cima do salto e morrendo de sono. Mas, tudo bem, faz parte.

Em Belém, já me indicaram uma moça para me ajudar. Tomara que dê certo. É que eu vou precisar de tempo para preparar o trabalho de conclusão da minha pós-graduação, já que meu prazo de licença acaba em alguns dias. Ah, filhota, ser mãe é maravilhoso, mas muda nossa vida radicalmente. Vá aprendendo: mulheres precisam ser boas mães, perfeitas (e vaidosas) esposas, ótimas donas de casa e impecáveis profissionais. Ao menos, é isso que a sociedade (pricipalmente a ala masculina) cobra de nós. O difícil é arranjar tempo para tudo isso. Às vezes, acho que vinte e quatro horas não são suficientes para tudo que eu preciso fazer durante o dia.

No mais, no meio de todo esse cansaço, uma notícia boa é que seu avô já está aqui conosco. Ele ficou abobalhado com você. Repete sem parar que você é tão esperta que logo estará falando e andando. Seu avô é um doce, minha filha. Nós temos muita sorte de tê-lo em nossas vidas. Se existem pessoas-anjos espalhadas pelo mundo, tenho certeza que ele é uma delas.

Beijos, meu amor!

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