sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A Calmaria e a Manha

Minha filha,

Depois da tempestade, veio a calmaria. Você está ótima! Voltou a comer direitinho, apesar de ainda estar um pouco magrinha. Na verdade, você nunca foi gordinha. Sempre ficou na média do peso (meu sibitinho lindo), mas, depois do que passou, perdeu uns quilinhos. Mas, tudo bem, nada que não possa ser recuperado.

O que importa mesmo, filha, é que você está (é) feliz! É agitada, muito curiosa, só quer ficar de pé o tempo todo, adora fazer "besourinho"com a boca, balança a cabecinha dizendo "não"...Ah, e você dança, meu amor! Não pode escutar música que começa a se balançar, agachando e levantando, a coisa mais linda do mundo! Eu e seu pai nos derretemos a cada uma dessas suas gracinhas. E eu, particularmente, mesmo depois de nove meses, ainda me surpreendo imaginando que você saiu de dentro de mim. É mágico, meu amor! Do tipo de magia que jamais acabará.

Mas, como nem tudo são flores, preciso entregar que a senhorita também anda fazendo uma certa manha quando me vê... Reclama se eu passo por perto e não lhe pego no colo, chora se me vê sair de casa, larga qualquer coisa ou pessoa para vir para os meus braços... Na verdade, eu amo saber que você gosta tanto de mim assim, meu amor, mas não quero que fique dependente da minha presença. Algumas vezes, eu vou mesmo precisar sair de casa para resolver algumas coisas ou, até mesmo, me divertir e não quero que você sofra com isso. Ver você chorar, arrebenta meu coração, filhinha. Sei que devo ser forte para não incentivar essas crises de manha, mas é bem difícil (e ninguém me disse que seria fácil, na verdade).

Talvez, esse seu recém ataque de manha ainda seja reflexo do que passamos juntas. Durante aqueles momentos complicados, na maior parte do tempo, éramos só nós duas. E mesmo depois, durante sua recuperação aqui em casa, ficamos juntas o tempo todo. Acho que nos aproximamos mais ainda. Na verdade, eu preciso também assumir minha parcela de culpa: eu costumo concentrar em mim tudo o que tem a ver com você. Seu pai já me alertou quanto a isso, mas eu ainda preciso aprender (e aceitar) a soltar mais os laços que nos unem. Romper jamais, porque isso é impossível, mas afrouxar os nós, para abrir espaço para outras pessoas se aproximarem e, claro, para que você possa seguir seu caminho de forma mais independente.

Ser mãe é um contínuo aprendizado, minha vida. Difícil como tem que ser, mas muito, muito, MUITO especial.

Beijos!

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