quinta-feira, 29 de julho de 2010

Já Passou, Graças a Deus!

Filha, voltamos, ontem, de um dos meus piores pesadelos: ver você hospitalizada. Pois é, meu amor, aconteceu, mas, graças a Deus, já acabou. Vou contar o que aconteceu, porque pesadelos são assim: a gente conta a alguém para evitar que eles surjam novamente.

Bem, na segunda-feira, você acordou muito bem, depois de ter dormido a noite inteira. E estava mesmo tão bem, que seu pai até viajou a trabalho, sem nem imaginar o que aconteceria algumas horas depois. Sem mais dramas, vou direto ao ponto, meu amor: você começou uma série de vômitos e diarréia que me deixou apavorada. Fomos ao hospital duas vezes no mesmo dia e, na segunda vez, a médica achou melhor que ficássemos por lá, para que você recebesse a medicação na veia e fizesse alguns exames. Então, com o coração na mão, tive que acompanhar os enfermeiros tentando achar uma veia no seu corpinho para a colocação do soro. Juro, meu amor, que eu sofri mais do que você. Se eu pudesse, daria meu corpo inteiro para que eles furassem sem parar, só para não ver nenhuma agulha chegar perto de você. Seus olhinhos cheios de lágrimas, olhando para mim, foram mais dolorosos do que uma facada no peito. Enfim, eles conseguiram colocar o soro no seu pezinho direito e fizeram um curativo, para evitar que você o movimentasse muito.

Então, fomos para um quarto, que eu tentei deixar o menos feio possível para você... Coloquei seus lençois coloridos na cama, seu cortinado cor de rosa cobrindo tudo e também espalhei vários brinquedinhos ao seu redor, inclusive, seu pinguim Kobalski, companheiro incansável durante esses dois dias. A Cleice foi a minha porta-tudo: eu pedia e ela trazia de casa para nós. Aliás, ela foi uma grande amiga, meu amor. Ajudou muito esta sua mamãe, inclusive, ficando um tempinho com você para que eu fosse até em casa, tomar um banho. Temos muita sorte de tê-la conosco. Sem seu pai por perto, ela foi o meu braço direito.

Outras pessoas também foram importantes: colegas aqui do nosso prédio, os médicos e enfermeiros do hospital, o pessoal do quartel...Todos nos apoiando. Até a esposa do general queria nos fazer companhia à noite, acredita?! Mas, não foi preciso. À noite, éramos só nos duas mesmo, abraçadas na mesma cama. Na verdade, eu não dormi, com medo que você se sentisse mal de novo ou tentasse arrancar o soro do pezinho. Então, eu só vi você dormir, meu amor e, graças a Deus, você conseguiu dormir direitinho, apesar do desconforto da situação.

Ontem, enfim, a médica lhe deu alta e pudemos voltar para casa. Que felicidade! Preparei um banho bem gostoso para você, depois lhe dei seu almocinho (tão bom lhe ver comendo de novo, mesmo que só um pouquinho) e pude sentir o quanto você estava relaxada e tranquila. Deitou em seu bercinho ao lado da minha cama, abriu os braços e dormiu um soninho gostoso de se ver. Eu também tomei um banho demorado e deitei ao seu lado. Apagamos a tarde inteira, filha. Nós merecíamos esse descanso.

Seu papai chega amanhã. Ficou louco de preocupação por estar longe e quis voltar imediatamente da viagem, mas eu o tranquilizei, dizendo que estava tudo bem e que você estava melhorando a cada minuto. Seu sorriso já voltou a iluminar tudo, principalmente, a minha vida.

Amanhã, estaremos todos juntos, sorrindo muito e deixando esses dias horríveis para trás. O bom é que você só saberá que tudo isso aconteceu porque "ouviu falar" ou porque leu por aqui. Mas, não terá essas lembranças, meu amor... Isso é coisa para mim e pode deixar que eu aguento. Por você, eu aguento qualquer coisa.

Te amo, te amo, te amo! Sempre, desde sempre e para sempre!

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